quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

TRAMOS - VIAGEM DE MOTOCICLETA


“Tramos”


Capítulo I

         Tramo I

         Dia 2 de janeiro de 2017, segunda-feira, com as características do clima da época. Tempo relativamente fechado, nuvens informando a vinda de chuva a qualquer momento.
         Em casa, uma saída um tanto quanto conturbada. No coração o aperto de deixar a mulher e o filho e sair para uma aventura de motocicleta com amigos, pelo norte da Argentina, Deserto do Atacama no Chile e o surpreendente Paraguai. Direi por quê surpreendente Paraguai no decorrer da narrativa.
         Enfim, sai, ao contrário dos com os quais combinara, Fernando e Alekcey, ao invés de 5 (cinco) horas da manhã, às 8:30H. Mário e Adriano já haviam ido no domingo e dormiram em Foz para seguirem na segunda para Resistência.
         Moto carregada, enfim para a estrada. Maringá, Campo Mourão, abastecimento em Juranda e o tempo ainda fechado, mas sem nada de chuva. Tanque cheio, tocada um pouco mais forte, cheguei à Foz do Iguaçu na sorte pois o consumo me assustou um pouco. O aviso de tanque na reserva já há muito aceso, deu seu suspiro final em São Miguel do Iguaçu. Por sorte uma baixada, balancei a moto e ela ganhou algo mais de fôlego, que me permitiu chegar a um posto na cidade. Abastecida novamente, tomei um lanche e segui para a aduana Argentina. Aí o calor da época já tinha tomado o lugar do tempo nublado que fazia a viagem bem agradável.
         Detalhe que não contei ainda. Eu com um traje novo (Bogotá) da Alpinestars, acostumado aos macacões de couro das habituais superbikes, sequer atentei para os fôrros e capa de chuva e vesti todos juntos. Imaginei que fossem apêndices de proteção.
         Na aduana argentina, fila, muito calor, recrudescido pela inadequação dos trajes, porém rapidamente desvencilhada. Passaporte carimbado, firme pela selva missioneira. Calor absurdamente alto, próximo aos 40 graus. Parei para abastecer num “poblado” creio que Eldorado, tomei água e segui. Chegando a Posadas, vista ao longe, não encontrei abastecimento sem entrar na cidade. Resolvi não entrar. Fui seguindo, seguindo, até que na divisa entre Misiones e Corrientes, já com muita atenção ao marcador, me informaram os guardas, que a próxima “gasolinera” estava 70 quilometros adiante. Segundo sufoco da viagem.
Já conhecia o trecho até Corrientes e sabia que era uma reta de fato sem maiores recursos. Sufoco total, velocidade diminuída, nada de aparecer o posto de gasolina e um calor dos infernos. Cheguei em Ituizangó, entrei para a cidade na busca da “gasolineira” e nada!
Encontrei um cidadão fazendo caminhada que me disse que o posto estava na estrada na qual eu trafegava vindo de Corrientes, dois quilometros adiante. Segui confiante. Antes do trevo a moto já deu mais uma falhada, demonstrando a falta de combustível. Balancei a danada e ela seguiu mais um pouco. Felizmente de volta a estrada, avistei o totem da YPF à esquerda. Cheguei com o motor já parado.
Fila para abastecimento. Abastecí e falei com o amigo Joni, que esperava a mim e amigos, com um “asado y cerveza” em sua casa lá em Resistência. Disse que ainda demoraria. E assim foi.
Atravessar Corrientes na hora do “rush” deles, lá pelas 10 da noite, quando todos deixam o trabalho e se dirigem às suas casas, foi um desafio lento e muito quente. Mas aí, com gasolina, menos um aperto.

Atravessei a ponte e fui me aproximando de Resistência. Na ponte notei luzes de flash de telefone. Vi que eram para mim. Aos montes os motociclistas me fotografavam e filmavam. Achei que era por causa da moto, realmente bonita. Uma MT09 Tracer vermelha, carregada. No dia seguinte entendi a razão de tantas fotos!
Logo cheguei a Resistência. Entrei na cidade e novo engarrafamento. Meu telefone não estava funcionando, logo estava sem GPS.
         O motociclismo trás situações que nos alentam. Um engarrafamento gigantesco em Resistência, eu sem o endereço do hotel, encontrei um motociclista, com uma custom pequena que gentilmente me guiou até o hotel.
         Enfim cheguei ao hotel, pouco depois das 10 da noite. Um calor infernal!! Consegui entrar no pequeno looby do velho hotel “Colon”, o único que Mário conseguiu reservar e fui recebido por Adriano, surpreso com minha chegada quase ao mesmo tempo que eles.
         Prova de que andei mais do que devia. Instalado, no velho hotel, que ao menos tinha ar condicionado, 1.270 km percorridos no dia, partimos para a casa de Saul e Joni, que nos esperavam com um "asado" espetacular, cerveja gelada e uma simpatia típica do argentino do interior e acima de tudo motociclista.
         Cabe aqui um adendo. Fiquei amigo de Saul e Joni Levinson, em Londrina, quando vieram eles, pai e filho acompanhados do irmão e da mãe, para visitar meu amigo, Fabrício Guglielmi, médico corrientino, que foi colega de Saul lá na Argentina, no colégio. Fabrício, sabedor de minha simpatia pela Argentina e do domínio do idioma, me convidou à sua casa na recepção que fez aos amigos. Lá descobrimos sermos motociclistas. Estava assim selada a amizade, que seguiu por emails e what´s up etc.. Fomos muito bem recebidos, lá na casa deles, Adriano, Mário, Fernando, Alekcey e eu.
         A conversa só não foi mais comprida por conta do adiantado da hora e do estado físico nosso. O meu em especial, que havia percorrido 1.270km, com uma roupa de cordura, com todos os seus forros e sob um calor próximo aos 40 graus. Enfim, uma insanidade.

         Capítulo II
         Tramo II
         Saimos de Resistência, relativamente cedo, para evitar o calorão característico do Chaco Argentino nessa época do ano. Abastecidos, eu sem os forros, graças ao alerta do Fernando, fomos em direção a Roque Saeñz Peña, objetivando chegar a Jujuy, melhor, a Tilcara, onde Mário já houvera estado e havia conseguido uma pousada. O Dakar saiu conosco de Resistência no mesmo rumo, até “Monte Quemado”. Que festa! Nos sentiamos os verdadeiros pilotos de rali. Polícia nas estradas abrindo caminho para nós, festa nas cidades, acenos, pedidos de fotos conosco. Aí entendi as fotos da véspera na ponte entre Corrientes e Resistência – pensavam que faziamos parte do rali. Em “Pampa del Infierno”, onde o calor é infernal, paramos para almoçar, um almoço muito bom. Fotografamos com caminhões do rali, com o povo da cidade, enfim, uma festa para todos nós. Todos muito bem recebidos.
         Seguimos para outra parada em “Monte Quemado”. Alí o rali se despedia da estrada de asfalto e partia para as aventuras na terra. Na “gasolinera”, uma festa. Cheia de gente de todas as partes do mundo. Um calor de 43º e nós alí como celebridades, nos esbaldando com a gentileza daquele povo simples e puro do interior argentino. Um chinês piloto de moto do rali, não aguentou o calor e andava pelo posto de cuecas! Tudo se aceitava em razão do DAKAR. Lá se pronuncia Dákar!
         De “Monte Quemado” seguimos para chegar às montanhas de Salta. Andamos e andamos, a temperatura não arrefecia. Nunca abaixo dos 43 graus.
         Comecei a ver as montanhas de Salta e me animei. Estamos chegando! Havia um “emplame de ruta” anunciado de longe, mas que só chegou mesmo de tarde.
         Entramos nessa estrada que vinha de Tucumán para alcançar Salta e Jujuy. Uma “carretera” bem feita, porém antiga. Aliás na Argentina de hoje, tudo é antigo, denotando uma civilização que foi muito adiantada, mas que parou no tempo. Nessa “carretera” seguimos até o trevo para Salta. Abastecemos e seguimos mais adiante, passamos por San Salvador de Jujuy já anoitecendo e seguimos pela “quebrada” subindo um pouco e já com temperaturas suportáveis de 27º e baixando, até chegarmos ao trevo de Purmamarca onde esperamos Mário e Adriano, que estavam mais atrás. Deste trevo seguimos mais 11 quilometros, até Tilcara, onde tínhamos “reservaciones” numa pousada. A cidade, turística, movimentadíssima, empoeiradíssima, desde a entrada, nos apresentava surpresas. Depois de quase 1.000km neste segundo dia, estavamos estenuados.
Fomos atrás do “Refúgio del Pintor”. Procuramos, procuramos e procuramos. Todos muito gentís, poucos com informações concretas. Sobe morro, desce morro, para no centro, para na praça, até que encontramos a pousada reservada. De início um susto. Tudo lá é extremamente simples, mas o cansaço nos exigia descanso. Fui encarregado de vistoriar a pousada, já reservada, mas cuja localização e aparencia de fora nos assustava. Desci da moto e entrei nas instalações. Tudo muito em penumbra por lá dificultava o reconhecimento do lugar. Ricardo “el dueño” nos recebeu e suas assistentes me levaram a conhecer os aposentos.
         Tudo do trivial tinha no quarto. A singeleza não nos mostrou os pernilongos, mas nos fez ficar por alí mesmo.
         Voltei e avisei aos companheiros. Descemos das motos e nos acomodamos.



         Banho tomado, saimos para jantar lá embaixo, na cidade. Na pousada não tinha comida. A cidade muito simples mas repleta de gente de vários rincões não só da Argentina quanto de outras partes do mundo. Restaurantes para todos os gostos e bolsos. Não exageramos em nada. Fomos num bar/restaurante na esquina da praça onde estava se apresentado um conjunto que toca as inconfundíveis flautas andinas e aqueles tambores. Coisa de Andes. Meu ouvido estava um lixo de tanto andar de motocicleta. Um zumbido infernal. Pedimos a comida e mal podiamos conversar. E falavamos alto, por conta do cansaço, do volume do som do conjunto que estava agradando a plateia. Mário, morto na ponta da mesa. Alekcey, Adriano, Fernando e eu, conversando mais. Notou-se que os convivas do “restô”, estavam lá mais para ouvir o conjunto do que para jantar ou algo assim. Um povo um tanto quanto estranho. Jantávamos e falamos muito e alto por conta do som. Numa mesa mais atrás um cidadão estranho reclamou de nossa conversa. Fernando tomou as dores do grupo. Eu sinalizei ao que reclamava que estavamos conversando e que aquilo era um restaurante!! Mário bem lembrou – “galo em terreiro dos outros é pinto”. Assim aplacaram-se os animos e seguimos de volta para a pousada. Noite silenciosíssima.      Descanso necessário.

Capítulo III
         Tilcara – impressões.

         “Poblado” típico dos andes argentino, Tilcara é pitoresca, com gente de todo lado fazendo turismo por lá, passeando pela região. O fato é que a cidade, pequena, suja, poeirenta e depois veríamos, embarreada, é muito frequentada e tem seus fãs. Tem restaurantes, museus e um comércio que vende de tudo um pouco. Animada, segue a prática da siesta, característica dos povos castellanos na América do Sul, ao menos. Uma praça pitoresca, com vendedores de todos os tipos de artesanatos, com câmbio também, é o centro do povoado que fica numa encosta.
Lá embaixo, a praça, um pouco mais adiante a saída para a estrada e rumo norte a Bolívia e a Quebrada de Humauaca. Tem lá um rio chamado Grande, mas que na verdade é um pedregal. Depois vim a saber por que tem o nome de grande. Ficamos em Tilcara por que não havia lugar em San Salvador de Jujuy, escala para uma parada do Dakar. Povo humilde e atencioso, em todas as cidades pequenas da Argentina. Povo caloroso em toda Argentina. Tilcara não fugiu ao padrão. Uma pena que restaurantes lá não aceitam cartões de crédito. Apenas débito. A razão de fato, até agora não sei.
         Fomos à San Salvador de Jujuy para ver o Dakar. A cidade em festa, recebia a todos muito bem. Almoçamos no centro da cidade, na frente da praça da matriz. Bom restaurante. Não me recordo o nome.

         Aguardamos o Dakar passar para a Bolívia, ao menos os caminhões de apoio e os carros com menos estrutura de equipe que tinham que vir até Tilcara para abastecer e depois voltar para Purmamarca e de lá pelo alto das montanhas seguir o roteiro do rali rumo a Tupiza na Bolívia. Uma festa no posto de gasolina da YPF na entrada da cidade. Ficamos lá e conversamos com muitos pilotos, com auxiliares, com motoristas dos caminhões de apoio e muitos, muitos seguindo o rali pela festa que é.
         Fomos a Purmamarca, vilarejo pouco distante, onde há a encruzilhada que sobe para o Chile e de onde pudemos ver os carros do rali descerem para San Salvador de Jujuy. Paramos na praça e tomamos um refrigerante e comemos um bolo típico deles, feito alí na rua por um vendedor ambulante. Seguimos para Tilcara.

         De lugar onde raras vezes chove, vimos uma tempestade no período da tarde, acabar com o sistema de abastecimento de água na cidade e de consequência nos impedir de tomar banho e enfim, utilizar água para as necessidades habituais.
Essa chuva forte de cerca de uma hora, encheu o centrinho da cidade, ou seja a praça e adjacências de uma lama pegajosa que nos impedia de nos locomover de motocicleta.          Descemos mais uma vez para jantar na cidade, dessa vez com lama para todos os lados, a despeito do esforço do povo da cidade para limpá-la.
         Notei a tranquilidade com que os cidadãos de Tilcara enfrentam essas adversidades. Não tem água, aguarde-se até que se tenha. Não tem internet boa...paciência, vamos esperar que invistam e coloquem fibra ótica. E assim vivem eles, felizes! O rio Grande, é grande porque recebe água esporadicamente de todos os morros da região. Vem junto da água muita pedra e barro.
        
         Capítulo IV
         Tramo a San Pedro de Atacama.

         Saimos de Tilcara com tempo nublado e muita lama, para todo lado, mas sem intercorrências. Seguimos até o trevo de Purmamarca, de lá começamos a subida rumo ao Chile. Saimos cedo, com o intuito de não nos demorarmos muito na aduana do Paso Jama.
         A beleza do trecho em subida era de tirar o fôlego e obrigar a me manter muito atento à “ruta”. Curvas absolutamente fechadas, com pedriscos deixados sobre o leito de asfalto pelos carros do Dakar tornavam o trecho mais perigoso ainda. Mas o visual é simplesmente maravilhoso. Quanto mais alto, mais árido e mais fresco.

         Passamos por salinas, muito interessantes e paramos para fotos.
         Paramos para abastecer em Susques num parador simpático e com uma empanada necessária para aquela hora do dia. Informações sobre a aduana, já nos davam conta que enfrentaríamos filas.
         Abastecemos as motos e continuamos a subir. Chegamos no “Paso Jama”, e já nos colocamos na fila no meio da estrada, sem nenhum abrigo. A temperatura estava agradável, com sol aberto, cerros nevados e muita gente esperando. Achamos que logo nos desvencilhariamos da fila e seguiriamos.
         Qual nada, ficamos na fila por cerca de 3 (três) horas, perdemos todo nosso pique de viagem. Do calor agradável passamos a nos preparar para enfrentar chuva, alguns até colocaram macacão, até que fomos atendidos na burocrática aduana Argentina- Chile no “Paso Jama”.
         Posto sem gasolina, irritação de ficar ao relento, mas foi assim.
         Seis intermináveis guichês, burocracia infernal que acho injustificável, depois vistoria nas motos para ver se levavamos alguma coisa de vegetais não aceitos no Chile e finalmente partimos rumo a San Pedro para terminarmos o “tramo” do dia.
         Já cansados, seguimos subindo. Lá no “Paso Jama”, os 4.000 metros já faziam a diferença. Ficamos mais cansados e indispostos para caminhadas curtas inclusive. Mastigamos folhas de coca e tivemos a sensação de alguma melhora. Mas o tempo parado, a falta de comida e bebiba adequada, nos cansaram.
           Depois do “Paso Jama”, a divisa com o Chile e o mesmo padrão de rodovias. Continuamos subindo e nossas companhias eram as llamas e vicunhas, criadas soltas e que se tornam um perigo no trânsito. Também haviam alguns burricos pretos que cruzavam a estrada. Paisagens lindas e a altitude aumentando, com ela a temperatura caindo. Todos equipados. Eu com uma luva de superbike, tive as pontas dos dedos quase congeladas. Subidas e mais subidas, as motos perdendo potência, mas nada de não esperado. Não pegamos temperaturas abaixo de zero, o que se esperava. Chegamos ao topo por volta de 4.750m, um vento infernal que jogava a moto de lado e tornava a condução mais perigosa.
         A chuva felizmente não veio. Começamos a descida. Dali a pouco o “Licancabur”, majestoso à direita guardava o Atacama. Lá embaixo se via San Pedro. A temperatura foi aumentando, melhorando a sensação dos dedos, a moto respondendo melhor e enfim chegamos a almejada San Pedro do Atacama. Infernal a poeira e o vento, mas chegamos à meca dos aventureiros dos Andes.

         Capítulo V

         San Pedro.
         É realmente uma cidade singular. Muita poeira para todos os lados, gente do mundo inteiro, jovens, maduros, gente que trabalha e tira férias lá, gente que foi de férias e ficou, enfim, guarda uma semelhança muito grande com Búzios, aqui no Brasil. A arquitetura da cidade segue o padrão do Atacama. Rústica com tijolos expostos, mas assim como Búzios, há lojas de diversas marcas sofisticadas, restaurantes muito bem estruturados, muita gente pelas ruas, mantendo-se em constante movimento, diminuindo um pouco pela madrugada e manhã, quando uns dormem para seguir aos passeios durante o dia, por lugares os mais variados e outros, os mais jovens, vão para as chamadas “festas clandestinas”. Há também muitos cachorros e grandes, mas mansos.
         As festas clandestinas, assim as chamam, pois a municipalidade as proíbe, porém sabemos que existem e seguem noite adentro. Pudemos ouvir da pousada onde ficamos, a Taka-Taka (simples e empoeirada, aliás como tudo por lá), o barulho da música eletrônica.
         Depois de jantarmos bem na Rua Caracoles, a principal da cidade, no Adobe, seguimos para dormir. Muito cansados com a viagem demorada por conta da lentidão da aduana no “Paso Jama”. No dia seguinte saimos de moto por uma estrada de terra muito bem conservada que ia ao norte do deserto, para alguns atrativos entre eles a chamada Termas de Puritama, uma depressão de onde sai água quente no deserto árido. Outros mais passeios existem por lá, sempre vendo-se ao lado, vigilante sobre o deserto, o majestoso vulcão Licancabur.
         Fizemos uma incursão a essas termas, com água de fato quente, mas para chegar à água, tivemos que enfrentar uma descida à pé, já que as motos ficavam lá encima num estacionamento. Abaixo só iam carros de empresas de turismo. Tivemos que marchar à pé de volta até as motos.
         Interessante, mas nada de excepcional. Seguimos para a cidade e alguns foram fazer outros passeios. Eu preferí observar o povo e conhecer mais da cidade.
         É um povoado bem diferente. Muito movimentado como já disse, com muitos restaurantes, casas de câmbio, agências de turismo, mercadinhos, vendas de quinquilharias e sobretudo muito seco. Essa secura no ar, fez que meu nariz sangrasse e eu tivesse que durante a noite me levantar várias vezes para assoar o nariz e tentar dormir um pouco melhor. Todos sentiram o mesmo. Ademais, a altitude, cerca de 2.500m. também incomoda. Não tanto quanto lá nos 5.000 metros, mas bem diferente do que estamos habituados. O sol brilhante durante o dia, rapidamente dava lugar a um vento frio no período da noite.

         As comidas, boas, mas diferentes, as bebidas geladas, aliadas ao calor durante o dia, a poeira e o frio à noite, fizeram que alguns sentissem o baque. Mário ficou de molho um dia e não se regulou mais até o final da viagem. Infecção intestinal.
         Todos sentimos. Eu senti mas tive muito cuidado ao sentir os primeiros sinais. Cortei bebibas alcoolicas e comi o trivial.
         Um interessante fato que não consegui explicação é o fato da única “gasolinera” de San Pedro, ficar numa rua sem saída, ou seja, a rua vai até as bombas e acaba ali. Há um pequeno espaço para manobras após as bombas e um manômetro para medir a pressão dos pneus e só. Resultado disso, cria-se nessa ruela poeirenta, como de resto toda a cidade, uma fila interminável de proprietários de veículos atrás de combustível.

         Capítulo VI
         Iniciando a volta.

         Depois de 3 dias em San Pedro do Atacama, começamos a voltar, desta vez com destino a Salta. A apreensão com o tempo de espera na aduana Chile – Argentina, o receio de pegar temperaturas muito baixas lá encima na volta, nos deixaram apreensivos. Mas felizmente na aduana não perdemos mais do que 1 (uma) hora e a temperatura estava em agradáveis 6 graus positivos. Seguimos pela 52, tendo cruzado a ruta 40 lá encima e em trecho de terra.
         Lá no altiplano, tempo lindo, aberto. Ao longe nuvens mais carregadas, mais ao longe os picos nevados, tudo tão bonito que nos distanciava da estrada, perigosa por causa das lhamas e das vicunhas, ambas em profusão, sendo que as vicunhas tem cor do terreno, ou seja, marrons e se confundem com a vegetação rasteira, aqueles montinhos amarelos. 
         Felizmente nada aconteceu lá encima. Começamos a descer, deixando a chuva de lado. O visual estonteante visto na ida, se tornou ainda mais maravilhoso, pois agora desciamos para Purmamarca, com tempo bem claro. O receio continuava com os pedriscos que caem na estrada vindos das montanhas. E não só pedriscos, mas pedronas mesmo! O risco na pilotagem é grande por lá. Passamos durante o dia, mas à noite o risco aumenta muito.
         Quanto mais descíamos mais a temperatura aumentava e o traje “Bogotá” da Alpinestar, com capa de chuva interna e forro interno de aquecimento, aliados a uma camisa corta frio, estava tornando a descida muito quente. Enfim, lá embaixo no trevo de Purmamarca, para Tilcara e San Salvador de Jujuy, parei a moto para esperar alguns que estavam pra trás e tirei os foros e capa interna. O conforto foi outro.
         Seguimos para Salta, cerca de 100km desse trevo. Tudo tranquilo, um calor fenomenal, mas tudo bem. Passamos por San Salvador de Jujuy e seguimos para Salta. Na proa, um “CB” se formava. Estávamos Alekcey e eu na frente. Sentíamos que a chuva que não nos alcançara durante toda a viagem, nos pegaria de frente antes de chegar a Salta.
         Mais uma vez tivemos sorte. A chuva chegando mas tínhamos na frente o trevo para Salta, que nos levava à direita. Por obra do destino nos safamos do temporal. Chegamos a Salta e fomos para o Hotel Puertozuelo, o melhor que nos hospedamos até esse momento. Banho bom, ar condicionado, tv a cabo, cama boa, uma piscina bem agradável. Bem cansado, mas banho tomado, cabeça mais tranquila, fomos jantar num excelente lugar em Salta. Fomos de táxi. “La Casona Del Molino” o nome do restaurante, que recomendo. Parilla, vinhos e atendimento muito bom, como aliás em toda Argentina. Viola tocando, pessoal da “Total” francesa, fazendo um “oba oba” com os revendedores, muito bom mesmo.
         Salta é uma cidade linda, antiga e bem arborizada. Tem lugares para serem visitados. Fomos a uns museus, mas estávamos mesmo atrás do DAKAR. E aquela tromba d´água que conseguimos por sorte evitar, caiu em cheio sobre a estrada, causando o fechamento de trechos e destruição do vilarejo de Volcan, por onde acabaramos de passar.  Até o exército foi chamado para auxiliar os que ficaram por lá.
         A caravana do Dakar, diante do fechamento da estrada, veio por outra estrada, por San Antônio de Los Cobres, também com sérios problemas. O fato é que o Dakar chegou muito tarde da noite em Salta. Fomos lá ver, mas estavamos detonados de tão cansados.
         No dia seguinte, acompanhei os amigos, com suas BMW a fazerem revisão e a equiparem as mesmas com alguns acessórios que estavam com preço mais convidativo na Argentina. Minha moto, a Yamaha Tracer MT09, nenhum problema, nada a ajustar.
         Continuamos a passear pela cidade, que recebeu uma chuva forte durante todo o dia. Nem saí com a moto nesse dia.
         Lá em Salta, Fernando conheceu Raulzito e seus amigos, Raul (padre) e Jorge, que vieram de Assunção com 3 GS 1200 Adventure.
         Nos apresentou os mesmos na praça central de Salta, e desde lá em diante, nossa amizade só cresceu. Tomamos muitas, muitas cervejas juntos, jantamos juntos, demos risadas juntos, enfim, mais uma vez a motocicleta unindo os povos.
         Num desses aperitivos, ainda no hotel Puertozuelo, notei um “japonês” numa mesa. Vi que o conhecia de algum lugar. Estava com um piloto e alguns acompanhantes. Conheço esse cara! Nakamoto San. Shuhei Nakamoto, vice-presidente da Honda Racing Corporation, sempre no box com o Marc Marques nas etapas do Moto GP.
         Raulzito, já bem alegre, logo se apresentou a ele e fomos lá. Tiramos fotos juntos com direito a elogios ao desempenho da Honda etc. etc. Ele muito simpático nos atendeu como legítimo cavalheiro japonês.
         Recebemos um contato de nosso amigo Tarlom, motociclista experiente de Londrina, meu amigo já de muitos anos, que saira de Londrina, logo após o natal com uma expedição de várias GS para fazer trechos pesados pelos Andes. Ele havia chegado a Salta e fomos jantar juntos, os dois grupos na calle Balcarce. Trocamos experiências e fomos dormir. Ele e equipe desceriam até Tucumán onde amigos os esperavam com um “asado”. De lá seguiram para Córdoba. O plano de lá era seguirem de volta a Assunção e de lá para casa, em Londrina.

         Capítulo VII
         Tramo Salta - Asunción
        
         Depois de agradáveis dias em Salta, uma linda cidade, com museus e para nós, com o DAKAR, partimos cedo para “Asunción”. Iriamos por Nova Orán, trecho mais curto em cerca de 30 km, mas no YPF do trevo de Salta para a carretera San Salvador de Jujuy a Tucumán, Mário, o navegador, resolveu escutar motoristas de ônibus que transitam por todos os lados. Disseram que o trecho por Nova Oran estava ruim, com trechos em obras e é muito desabitado.
         Decidimos ali ir por “Monte Quemado”, o mesmo trecho que fizéramos na vinda, indo até Resistência e de lá subindo margeando o Paraguai até Clorinda. Cerca de 1100km.
         Seguimos do trevo de Salta até o trevo para entrar para “Monte Quemado” e Resistência por cerca de 70 quilometros. No “empalme” nenhuma alusão a Resistência. Passei, mas logo me dei conta. O gps BMW do Fernando indicava que deveriamos ir à frente, ele insistiu mais um pouco, mas logo viu que não era alí. Perguntei a motoristas e confirmaram era alí mesmo a entrada para o caminho de Monte Quemado e Resistência. Logo todos se convenceram e pouco mais adiante uma placa informava Monte Quemado e as demais cidades por onde passaríamos, entre elas Presidente Roque Saeñz Peña. E seguimos. O trecho tem animais que cruzam a estrada muito frequentemente e no final do dia há aves grandes que ficam a beira da estrada esperando por bichos mortos. Elas tem tamanho potencial para arrebentarem uma moto numa decolagem delas. Há que se tomar cuidado.
         Passei um certo aperto com um cachorro que resolveu atravessar a pista. O “cuzco” relativamente grande, resolveu felizmente tomar a paralela a mim na pista. Mesmo assim ví que o ABS nos freios funciona mesmo!!
         Já com o “bidon” cheio, desde Salta, deixei rolar mesmo. Os 140km/h ajustados, já deixei passar. Com isso o consumo aumentou. Cheguei com o tanque absolutamente vazio e com cerca de 50km de luz piscando, informando o final do combustível, num posto, creio que em Quebraçal ou outro “poblado” daqueles que existem por ali. Abasteci, minha moto e logo seguimos. Alguns quilometros a mais e as GS 1200 Adventure pediram gasolina. Abasteci de novo e seguimos para almoçar em Pampa Del Infierno no mesmo restaurante onde fomos recebidos efusivamente pelos nativos quando por lá passamos na ida. Creio que nos confundiram como pilotos do DAKAR que naquele dia por ali passavam. E foi uma festa a vinda. A volta também foi boa. Depois do almoço já com o calor típico de Resistência e região seguimos. Alcançamos Resistência, e entramos para Asunción. Seriam mais cerca de 300km também em boa estrada. Abastecemos num posto na saída de Resistência, um calor infernal, para usar o banheiro também tinhamos que pagar etc. O frentista queria que colocassemos as motos num sentido diferente do que estavam e o estresse já presente, quase nos tira da linha. Mas afinal abastecemos, bebemos muita água e subimos para Formosa. Adiante um pouco de Formosa, encontramos uma gasolineira boa. Esperamos Mário que já estava “o pó da gaita”. Seguimos até Clorinda e passamos pelo “Paso Falcón” para o Paraguai. 30km de “Asunción”.
Alí tivemos nosso primeiro aborrecimento de verdade na viagem. Um gorducho com um crachá resolveu que teríamos que ter um “permiso” da embaixada do Brasil para entrarmos com as motos no Paraguai. Não existe esta exigência. Tratava-se da recepção paraguaia para nós.
Enquanto eu fazia os trâmites com o passaporte e documento da moto num guichê, sendo atendido muito bem por um funcionário, falei em castelhano com o mesmo sobre essa exigência. O funcionário disse que não existia essa exigência. Quando voltei para derrubar a “barraca” do safado, Mário, já sem paciência havia resolvido a questão. Disse ao burocrata corrupto que iria deixar a moto ali e iria de taxi a “Asunción” resolver a questão e que ele de fato tivesse razão, pois caso não tivesse teria sérios problemas conosco. O safadão, logo diminui o ímpeto e ficou por alí ralhando.
Um menino, que ouviu a conversa falou com o pai, paraguaio motociclista que foi lá prestar sua solidariedade a nós.
O fiscal de crachá se “envocou” comigo pois viu que eu falava castellano e quando desci da moto para os trâmites, já me propôs um acerto. Eu disse que não faria e que caso ele insistisse eu faria contato em “Asunción” com meu amigo Raul. Ele me perguntou, “quem é Raul”? eu lhe disse – “Raul es el dueño de Asunción y es mi amigo”.
Depois do cala boca que recebeu do Mário quis ainda dizer que eu deveria pagar algo. Não tomei conhecimento, montei na moto e segui para o Paraguai. E que movimento na estrada!!!! Foram 30 quilometros “de entrada de São Paulo no horário do rush”. Que surpresa com Asunción. Cidade cosmopolita. Povo simpático e amável. O calor insuportável, só deu trégua numa “gasolinera” onde tratamos de ajustar hotel e chamar Raul nosso amigo, que fizéramos em Salta. Do posto fomos para o Bourbon, o melhor hotel da viagem, com preço semelhante ao Ibis no dia. Não tivemos dúvida, fomos para lá e fomos muito bem acomodados.
         Banho tomado, fomos jantar em Asunción e que bela surpresa. Restaurantes excelentes, grande diversidade de bebidas e um calor sahariano.

         Capítulo VIII

         Assunción e a receptividade dos amigos

         Contactado por what´s up, meu amigo de longa data Miguel Borges, motociclista radicado no Paraguai e vivendo lá há muitos anos, pelas 9 da manhã já estava no hotel e tomou café comigo e os amigos. Ficou o dia todo à disposição minha. Fui com ele ao seu “taller” de motos, estive com seu filho Douglas, sua esposa e ele me ciceroneou o dia todo, atrás de um pneu traseiro para trocar em minha moto. Tudo certo.
         Raul, já nos esperava em sua casa para um almoço. Fez arroz e feijão para nos agradar. Havia prometido a Fernando em Salta. Fernando confidenciou a ele que estava cansado de comer “papas fritas e empanadas”. Raul e sua senhora nos receberam em sua casa para um almoço, com churrasco e um excelente almoço. Tomamos muita cerveja “fria” como dizem os castellanos e foi muito bom. Miguel Borges também foi ao almoço e lá se reencontrou com o amigo antigo, Jorge, companheiro de Raul e que estava com ele em Salta. Foi tudo muito bom. O motociclismo de fato é uma dádiva para aqueles que o praticam.
         Saimos ainda à noite em Asunción e pudemos verificar outros tantos e tantos restaurantes de alto padrão, moderníssimos, em contraste com valas com esgoto a céu aberto ao lado. Isso significa e já víramos isso, que Assunção é um canteiro de obras. Está se tornando uma metrópole e o Paraguai voltando a ser uma potência econômica.

         Capítulo IX

         Tramo final

         Sábado, levantamos Alekcei, Fernando e eu. Tomamos café e tomamos rumo de Londrina, por Guaíra. Mário e Adriano, não tinham compromissos no domingo e resolveram ficar um pouco mais e voltar no domingo.
         Paramos para abastecer numa “gasolinera” na frente do Aeroporto Silvio Petirossi e fomos seguindo contornando a pista. O trânsito como sempre, carregado, mesmo no sábado de manhã.
         Mais adiante, me recordo bem, passamos por uma ponte pequena em cuja amurada descansava com as quatro rodas penduras um jipão. Deve ter sido fruto de uma movimentada noite de bebidas. Incrível que o jipe se manteve equilibrado na amurada.
         Seguimos saindo da cidade rumo ao departamento Cordilhera e seguindo rumo a Salto Guairá. Asfalto impecável, apesar de pista simples. Trânsito quanto mais distante de Assunção diminuia o fluxo, de modo que nos permitiu percorrer os 400km entre Assunção e Salto Guairá em bom tempo. Tomamos alguma frente ao Fernando, Alekcei e eu. Paramos para abastecer e cauteloso, Alex deixou a moto a vista no posto para quando Fernando passasse, percebesse nossa presença.
         Ele passou e não nos viu. Passou cansado, com a mão para trás apoiada na mala lateral.
         Terminamos o abastecimento e partimos atrás dele andando um pouco mais no sentido de encontrá-lo. Encontramos foi a policia camiñera que nos parou. Disse ao oficial que estavamos na busca de um colega de moto. Falei em castelhano e dado a nossa desenvoltura parece ter se esquecido da abordagem de praxe. Ele atendendo outros que também parara, nos passou a seu colega que parou um carro vindo do lado contrário e veio a notícia, vinda do motorista, que informou ter visto a moto seguir mais adiante.
         Nos despedimos e seguimos. Encontramos Fernando num posto pouco mais de 100 km dali. Ai seguimos juntos para Salto Guaira.
         Que belas terras tem o Paraguai, que belas fazendas, tanto de gado quanto de agricultura. Extremamente pujante esta região que percorremos. Tudo muito lindo.
         Chegamos em Salto Guaira, e como combinado paramos no shopping China para comer algo e dar tempo ao Alex de comprar umas encomendas. Nisso perdemos cerca de hora e meia, mas serviu para aplacar o calor, o ar condicionado do shopping.
         Almoçamos um “Burger King” e nos repusemos com água gelada.
         Seguimos para a saída da cidade e eu crente que naquele sobrado onde ficam os oficiais paraguaios na divisa com o Brasil, fosse a aduana. Não era. Fui informado que deveriamos voltar ao começo da cidade e lá fazermos os trâmites aduaneiros.
         De volta mais alguns quilometros e assim fizemos. Passaportes carimbados seguimos para o Brasil.
         Aduana brasileira cheia de carro. Fila imensa. Eu já conhecendo a forma de proceder por ali e estando de moto, segui pela direita e passei tranquilamente para o território brasileiro. Fui seguindo devagar para aguardar Alex e Fernando, passei pela ponte Mato Grosso do Sul Pr. entrei em Guaira, atrás de caminhões e fui me desvencilhando dos mesmos. Nada de meus companheiros chegarem. Parei num posto de polícia rodoviária já na estrada para Guaíra e os esperei. Logo chegaram.
Dali seguimos até um posto para mais água e comer alguma coisa. De lá viemos andando, contando com a gentileza de muitos motoristas, que viam que estavamos carregados e pelo jeito vindo de longe, abriam a lateral esquerda para que passássemos pela pista simples, sem atravessarmos a faixa continua que torna a viagem extremamente cansativa, pois há muitos caminhões a velocidades baixíssimas.
         Não fomos incomodados por nenhum policial brasileiro, mesmo naquele trecho onde eles ficam de tocaia, perto de Umuarama para flagrarem ultrapassagens em faixa contínua. Também não passamos em faixa contínua.
         De Cianorte, onde paramos para abastecer, até Maringá, cerca de 80km, foi o pior trecho pelo qual passamos. Esburacada a estrada e mal conservada como um todo.

Havia locais que nem de moto conseguiamos fugir dos monstruosos buracos. Notei por duas vezes que minha moto entrou em buracos e a suspensão foi ao fim. Felizmente funcionou bem. Não quebramos rodas, nem as entortamos, nem cortamos pneus.

         Já estava começando a escurecer quando chegamos a Maringá. Que alívio. Depois dos terríveis buracos de Cianorte a Maringá e do suplício dos quebra-molas e pista mal consertada no contorno de Maringá, finalmente tomamos o caminho final para casa, por pista dupla e bem conservada. Estavamos a cerca de 90 km de casa, já de noite. Ansiosos para chegar, mas respeitosos com a estrada.

         Não nos excedemos em velocidade, mesmo com os faróis de led de minha moto que são simplesmente fantásticos.
         Fernando pagou os pedágios e a cada momento mais nos aproximávamos de casa, felizmente invictos.

         Finalmente chegamos à Londrina. Paramos num posto na frente da TV Coroados em Londrina onde fomos fotografados por um passante gentil. Seguimos para casa, felizes, muito felizes e com certeza que podemos fazer o que nos dispomos, especialmente quando queremos.
         Mário e Adriano, chegaram bem também no domingo, por volta da mesma hora que nós, cerca de 21:30H.
         Na garagem o hodometro parcial que marcou desde o primeiro trecho da viagem, marcava 5.491,8km. Exatamente esta a quilometragem que percorremos. Felizmente sem nenhuma intercorrência e com imenso prazer. Conhecemos gente de todo tipo, de todos os recantos do mundo, grande experiência que só é dada a ser feita pelos que ousam fazer o que querem. Subi para abraçar minha família. Missão cumprida.

         Até a próxima!

         Paulo Afonso Magalhães Nolasco
         Advogado e motociclista com muito prazer!


 ps. “Chico”


         Chico merece um capítulo a parte. Se não o tivesse visto, diria que não foi. Disse que não iria e depois de já estarmos no trecho de Resistência para Tilcara, nos posicionou que estava em nosso encalço. Chegou em Tilcara no dia seguinte. Jantou conosco, tomou vinho conosco mas ficou noutro hotel. Dali saiu na frente para San Pedro. O vimos até o Paso Jama. Depois saiu na frente também para San Pedro. Lá o procuramos por todos os meios (what´s, celular, email e ao vivo mesmo). Nada. De repente apareceu. Mas logo sumiu. Noutro dia eu na “Plaza de Armas” o vi, convidei à mesa. Almoçou conosco e novamente sumiu. Disse que iria a Puritama. Na volta, o ví pela última vez, no trevo de Tilcara. Até tirou uma foto minha. De lá foi para um vinhedo de um amigo numa cidade alí da quebrada. Não mais o vi, nem aqui em Londrina, ele e sua Triumph vermelha. Enigmático. Está vivo e viajando!!




























3 comentários:

  1. Fantástica a viagem, li curtindo intensamente e relembrando nossos pequenos passeios...
    Grande abraço!

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  2. Que bom tempo foi aquele Marcão. Vc. está de moto?

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  3. Excepcional relato sobre o passeio nobre amigo, na próxima vez será um enorme prazer fazer parte dessa grande façanha, parabéns a todos os integrantes do grupo, abraços Paulo, um sucesso!!!

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